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terça-feira, 11 de outubro de 2022

Existe RPG Jornalístico?

RPG News, o primeiro jornal brasileiro dedicado a notícias de RPG, foi publicado em 1993 pela GSA, a extinta editora do Tagmar. Depois vieram as várias revistas especializadas, com distribuição em bancas de jornais, e sempre vibrávamos quando o RPG, nosso tão querido passatempo, aparecia em alguma matéria no suplemento de cultura dos jornais diários ou em algum programa jornalístico televisivo.

Mas, e se, em vez da cobertura periódica sobre a cultura e o mercado editorial e autoral do RPG, as próprias notícias em si - do grande noticiário local, nacional e mundial - fossem jogadas numa partida de RPG em vez de lidas ou assistidas num noticiário? Como se participássemos de um documentário de atualidades, só que na pele das pessoas documentadas, indo além do mero reencenar de fatos históricos.

Os suplementos históricos da série GURPS chegaram a retratar, em português, o Império Romano e a História do Brasil, porém a Devir não chegou a traduzir os diversos suplementos detalhando países (GURPS Russia, China, Japan e a série Hot Spots) ou forças policiais, militares e investigativas (GURPS SWAT, Special Ops, Covert Ops, Mysteries), que se aproximam mais da vivência documental do que da especulação histórica.

Os temas mais comuns das reconstituições históricas são Antiguidade Clássica, guerras mundiais, faroeste, policial/investigativo/criminal e espionagem, sendo que apenas os que retratam o período contemporâneo servem também como documentários de caráter jornalístico.

A antiga editora de Dungeons & Dragons, a Tactical Studies Rules - TSR, possuía vários exemplos de reconstituição histórica, como Boot Hill (faroeste), Gangbusters (gângsters e federais) e Top Secret (espionagem).


A editora brasileira Daemon possui Cães de Guerra, a respeito da segunda guerra mundial, além de outros suplementos da série Trevas descreverem o FBI e outras agências de investigação, ainda que sob um viés ficcional mais especulativo.


Porém, foi dentro da licença de jogo aberta (Open Game License - OGL) do Sistema D20 que foram lançadas as experiências mais próximas de um possível RPG jornalístico, muito além de qualquer suplemento histórico de armas e armaduras arcaicas, ou de qualquer reconstituição da segunda guerra mundial (como no brasileiro FUBAR): a série Real Life Roleplaying, da Holistic Design, retratando o FBI, e também os conflitos armados recentes no Afeganistão, na Colômbia e na Somália.

Percebemos, então, que a origem belicista dos RPG, a partir dos jogos de guerra (War Games), ainda contamina toda sua produção de conteúdo, já que muitos outros temas poderiam ser explorados nesta vertente documental, dentre eles RPGs de paramédicos, corpo de bombeiros, repórters (ainda que já exista uma divertida versão fantasiosa, Tabloid), esportes, celebridades, políticos e empresários - praticamente toda a antiga coluna social dos jornais -, sem contar outras possibilidades, como pesquisadores, astronautas e artistas circenses, por exemplo.

Inclusive consigo pensar em algumas notícias que dariam ótimas aventuras prontas, como roubos de carga de caminhões nas estradas brasileiras, ou ótimos cenários para aventuras prontas, como as ilhas de recifes de corais secretamente militarizadas no Oceano Pacífico. Estou pensando em trazer essas e outras adaptações aqui para o conteúdo deste blog. O que acham?

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