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terça-feira, 22 de novembro de 2016

Automatizando a Mestragem com Narrativas coerentes

Comecei a assistir He-Man no Netflix e, quando começaram a mostrar os bustos dos personagens na abertura, principalmente dos vilões, matutei em como tinham transformado os bonecos da brincadeira em uma narrativa maniqueísta e me veio a solução para o sistema de narrativa processual que eu imaginei para um jogo de RPG Maker chamado "Sua Própria Jornada" cuja história é diferente para cada jogador que entra no jogo.

Eu pensei sobre os inimigos do He-Man: "E se o mal a ser combatido não fosse sempre os mesmos vilões, mas sim o que representam de ruim e, sendo assim, qualquer um que assuma o mesmo papel que eles deve ser combatido, porém pode se redimir também, pois não é nada pessoal contra ele".

A lógica então seria criar papéis relacionados entre si com funções narrativas específicas, mas sem nenhum rosto ou nome a princípio. Daí basta sortear uma estrutura narrativa quando o jogador inicia o jogo, completando cada papel com os nomes e figuras de personagens já programados, de forma que, ainda que cada novo jogador encontre os mesmos personagens, não reconhecerá as cenas do jogo contadas por outro jogador.

Por exemplo, vamos supor que um jogador entra numa trama de resgate cujos papéis a serem preenchidos são os de um sequestrador, um sequestrado, alguns aliados do jogador e alguns cúmplices do sequestrador. Outro jogador pode entrar numa trama de vingança cujos papéis a serem preenchidos são os de um assassino, uma vítima (com quem o protagonista pode conviver nas cenas iniciais para aumentar o drama), alguns conhecidos em luto que tentam dissuadir o protagonista de agir precipitadamente, alguns incentivadores da retaliação, que vão lhe fornecer informações, armas, etc. O importante para que o sistema funcione é que as variáveis sorteadas no início permaneçam as mesmas durante todas as partidas daquele mesmo jogador, ainda que uma ou outra seja alterada para criar uma reviravolta na trama.

No RPG Maker o que se manteria em todos os jogos seria a ambientação e os personagens e seus nomes. Tem um jogo de faroeste programado em Flash assim no Adult Swim, porém a história é sempre a mesma e só muda a identidade do vilão a ser descoberto e morto.

Percebo que as tramas costumam ser crimes, portanto o Código Penal seria uma boa fonte de tramas, ainda que talvez quaisquer infrações ou pecados cometidos pelos personagens possam ser tramas também e, portanto os 10 Mandamentos bíblicos ou o Código de Conduta de uma organização também fossem uma boa fonte de estruturas narrativas.

Quanto às falas e frases de efeito, deve-se lembrar que cada papel traz sua própria personalidade, suas falhas de caráter e seu próprio discurso, ainda que as motivações variem (talvez possam ser sorteadas também, às vezes até no momento de serem reveladas).

Posso testar um protótipo da ideia no Twine, e pode até servir de base para um baralho narrativo que auxilie ou substitua o papel do Mestre de Jogo num RPG de mesa, deixando todos os participantes livres para jogarem com seus próprios personagens. Pensando melhor, é preferível criar primeiro esse baralho como protótipo e depois tentar o Twine.

(Satisfação aos leitores: Os projetos anteriormente comentados neste Blog não foram esquecidos na gaveta, mas aguardam melhores oportunidades de serem desenvolvidos, enquanto continuo estudando o ramo lúdico das Artes Interativas e tendo novas ideias que podem contribuir com o aprimoramento desses projetos. As sementes não morreram, algumas estão guardadas, outras em hibernação e outras já plantadas, mas crescendo naturalmente de forma selvagem, com uma ou outra visita do jardineiro.)

domingo, 20 de março de 2016

A partida de SuperMequetrefes foi muito comédia, estou rindo até agora

Eu ri sozinho ao me lembrar das cenas do jogo de hoje. É difícil controlar o riso ao lembrar do ex-paquito Jhonny em sua identidade secreta de Capitão Planeta Xuxa cantando "tudo que eu quiser o cara lá de cima vai me dar" ao se referir ao jatinho de Jarvis, identidade secreta do CEO Steve Gates, quando ele recebeu o pedido de hackear informações da rede da delegacia de Valparaoinferno.

E quando o versátil Unânime, identidade secreta de terno com ombreiras ridiculamente grandes e óculos de lentes de filmadora daquele ex-apresentador secundário de reality show, que ninguém lembra o nome, revela que seu microfone cromado de lapela também se transforma num cassetete!

Ou quando o conhecido líder de reciclagem Zé Latão, em sua identidade secreta de Rei do Lixo, chega em seu Metanomóvel e usa seu poder de gambiarra - adquirido por não comer pequi - e corrói, enferruja e empesteia a fechadura dos fundos da delegacia com a acidez de águas coletadas do próprio rio Tietê com cuspe e mijo de rato espremido na hora para se esconder na copa abraçado a um rico cesto de lixo, esperando o momento certo para superar uma suspeita fechadura biométrica com o bandeide velho desgrudado de sua própria barriga e um pouco de pó de toner de impressora.

Tinha também a espalhafatosa transformista Caty, gênio da leitura corporal, identidade secreta de um renomado professor de estudos místicos, que se montava toda para combater a opressão da Normalidade com seu bordão "não perdoarei seu furico" e sua insistência em insinuar-se para o ex-paquito e o apresentador secundário de reality show durante toda a missão.

Essa equipe de heróis, convocada pelo Doutor Foucault por uma mensagem de Whatsapp dizendo "Anormais, aconcheguem-se!", numa clara tradução literal de "Avengers, assemble!", que também poderia ser dito "Anormais, arrocha!", foram fruto da criatividade impagável de jogadores que participaram do Encontro D30 "O Retorno", realizado desta vez no Centro de Convivência do Idoso, no Guará II, neste domingo que abriu a semana santa e o outono de 2016. O lugar é legal, mas o vento pelas janelas atrapalhou o jogo desorganizando minhas folhas de papel. O ideal é mesmo um local fechado com ar condicionado como era na Biblioteca Nacional.

Infelizmente não pudemos testemunhar as peripécias do mago nórdico que usou seus conhecimentos enciclopédicos para fugir de sua mulher para nossa dimensão e se disfarçar de líder religioso politeísta, nem do garoto propaganda de produto de limpeza Andy Clean que, sob a identidade secreta de Mister Músculo, prometia "limpar esta cidade" com sua superforça acidentalmente adquirida pelo consumo de soja transgênica, pois a mesa de jogo que ambos jogadores esperavam abriu antes que Doutor Foucault pudesse perguntar se Mister Músculo já havia lavado o banheiro do quartel-general.

Dois supervilões apareceram neste episódio, a líder transexual feminina de gangue de motoqueiras Mulher de Negócio, que incitou uma onda de "rage" no Twitter do exército de tietes do Capitão Planeta Xuxa, e a comissária de bordo voadora Aeromoça, com quem os heróis tiveram o combate final numa luxuosa pista de pouso clandestina usada para tráfico de drogas.

O sistema utilizado, Mequetrefes, numa versão adaptada à criação de subcelebridades famosas que escondem seus superpoderes com identidades secretas marginais, loucas ou transformistas, já está quase pronto para distribuição, mas pretendo ajudar os futuros mestres de jogo com ferramentas para criar suas próprias paródias, estruturar uma narrativa engraçada e manter o ritmo do jogo (e o "timing" das piadas).

Os pontos fortes do sistema de jogos de comédia Mequetrefes são a agilidade de criação de personagens que possibilita que os jogadores criem personagens em mesas de eventos de jogos e joguem uma aventura completa no mesmo turno do evento, a liberdade que os jogadores têm para inventar características únicas para seus personagens ("free-form" com boas listas de exemplos), o suporte do sistema ao improviso dos jogadores durante a sessão de jogo graças a seu uso de atributos e condições abstratas, a lógica hilariante que começa nos termos utilizados na própria ficha de personagem e vai até a criação de aventuras a partir de coisas engraçadas trazidas pelo mestre de jogo.

Ainda falta incluir a possibilidade de evolução dos personagens por meio da aquisição de novos Especiais conforme o Tipinho de Mequetrefe para possibilitar séries de jogos com os mesmos personagens sem enjoar, ferramentas de gerenciamento do tempo de jogo pelo mestre de jogo, uma planilha para o mestre de jogo poder controlar os desafios da aventura durante a sessão de jogo, compilar guias com conjuntos temáticos de coisas engraçadas para serem usadas pelo mestre de jogo em vez de aventuras prontas e, finalmente, partir para a fase de observação de como o jogo se comporta na mão de outros mestres de jogo que não o próprio autor.

Agradeço aos jogadores de Mequetrefes pelo "feedback" construtivo e pelas gargalhadas que suas criatividades provocaram em todos os participantes e até mesmo em espectadores das sessões de jogo de ficção científica, de fantasia medieval e de super-heróis que experimentamos até o momento.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Planos para 2016 em diante

Realizações, esclarecimento e felicidades! Ainda estou vivo, não se preocupem!

Continuo fazendo jogos, agora também eletrônicos, não só presenciais, e não abandonei o projeto de RPG Maker sobre a vida de um Mestre de Jogos, mas tenho dedicado muito tempo a aprender sobre os "engines" (motores de jogo), lógica de programação, pixel art, animação, estruturas narrativas, sonorização, gerenciamento de projetos, game design e tudo que vá me ajudar neste projeto e nas tantas ideias de jogos que tenho anotado pelo caminho. Passarei a reportar minhas descobertas aqui no blogue com mais frequência e deixar as procrastinadoras redes sociais principalmente para divulgação das postagens.

Uma postagem no Facebook da RedeRPG pesquisando quais os jogos "crunchy" (granulado, muitas regras a consultar) e "fluffy" (felpudo, muita liberdade narrativa) melhores e piores segundo a galera reacendeu meu interesse pelo empoeirado Fading Suns, porém como seu sistema original é muito ruim para uma ambientação tão foda, encontrei uma adaptação para FATE, que acho que seria um sistema ideal para a proposta do jogo. Outro jogo de ambientação ótima com péssima mecânica citado nos comentários foi Kult, mas ainda não sei qual seria o melhor sistema para uma adaptação do potencial de sua cosmologia.

Idade Média espacial!


Meu filho de 7 anos tem se interessado por "alfabetos" estrangeiros, por causa dos créditos dos desenhos coreanos, chineses e japoneses que ele assiste, então tenho mostrado para ele livros ilustrados sobre kanjis, com ideogramas que ele copia, e já fizemos juntos uma animação no Movie Maker com desenhos que ele fez no Paint e dublagem com efeitos gravada no celular. Quero que isso continue e se torne uma prova de amor tão bonita quanto o método Kumon foi do senhor Toru para seu filho.

Acredito na LudoEduComunicação Prerrogativa (Jogo-Educação-Meios de Comunicação sobre Direitos) como o futuro da aprendizagem civilizadora e tenho planos de implantar esse método de estudo pela produção de conteúdos interativos jurídicos aqui em casa, para colaborar com a conclusão dos estudos por parte de minha esposa e com a formação de meu filho em seu potencial e meu desenvolvimento corporativo e pessoal. Isso merecerá muitas postagens aqui no blogue.

Ilustração... apesar da justiça e dos direitos não dependerem de tribunais!

Não tenho jogado nenhum jogo no computador ultimamente, nem participado de jogos em grupos fixos, mas participei de um playtest de tabuleiro e experimentei um ótimo jogo de dados solitário. Não parei de ler novos manuais, como os do FATE Básico/Core e FATE Acelerado/Accelerated, mas não tem como ampliar o repertório de jogos sem experiências de jogo então voltarei a jogar esse tanto de jogos novos que tenho colecionado no computador e na estante. Sem esquecer de reportar aqui no blogue também. Anunciarei minha mesa no próximo Encontro D30 e tentarei cobrir a partida com entrevistas dos jogadores para publicar aqui depois do evento.

Colocando tudo isso em prática ainda esse ano de 2016 já estarei dando os primeiros passos em direção ao meu objetivo de longo prazo de viver de jogos e arte interativa em tempo integral em vez de depender da minha remuneração num trabalho formal, apesar desse ter sido o "mecenas" de autores que admiro, como Augusto dos Anjos e Franz Kafka, cujas vidas funcionais permitiram que se dedicassem a suas obras ainda que em meio período.