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quarta-feira, 27 de julho de 2022

Graças a Borba Gygax, o Rei do RPG

Hoje celebramos o nascimento do péssimo game designer e aproveitador egocêntrico Gary Gygax, tão aclamado apenas por ter sido o primeiro oportunista a publicar compulsivamente sua própria versão (tóxica e repleta de suplementos malfeitos) do RPG mais genuíno, que é até hoje desbragada e espontaneamente praticado e defendido por todos, em verdade criado no porão do hoje desprezado Dave Arneson, Pai alienado do RPG como o conhecemos, o qual por sua vez não passa de uma versão fantasiosa e mais ludificada do obscuro jogo Braunstein de seu deslembrado grão-mestre David Wesely. Considero portanto Gygax o Rei do RPG (e não o pai), um monarca monopolista monocrático, haja tirania!


Homenagem em gratidão a Gygax ter marcado nossas vidas com sua criação maravilhosa!


Devemos ser eternamente gratos à ganância (tino comercial?) e falta de talento desse abominável senhor, sem o qual talvez nunca tivéssemos nem mesmo conhecido em nosso tão despossuído país o RPG como é hoje, tão tóxico e tão viciante de tantas formas, seja pela expectativa do jogo de azar supersticioso a cada lance dos dados poliédricos (a ponto dos crackudos do RPG "raiz" chegarem a sofrer de abstinência quando passam uma sessão de jogo sem tirar a sorte), seja pelo colecionismo compulsivo provocado pela infinidade de suplementos de regras mal escritas, incompatíveis e desbalanceadas por falta de playtest, sem deixar de mencionar toda a cultura eurocêntrica de misoginia e outras intolerâncias herdada de Tolkien ainda que visando à obra magnífica de Robert E. Howard, em resumo, Gygax foi o único culpado pelo passatempo que é globalmente ao mesmo tempo fonte infinita de ansiedade e de frustração e que nos engana há décadas com promessas vazias de amizade, diversão e escapismo utópicos.

A fórmula do sucesso dos RPG tem tudo a ver com a própria personalidade inspirada desse mítico gordinho "tetudo" morador do sótão da avó, com quem tantos de nós, de autoestima destruída ou socialmente excluídos, se identificam em algum aspecto. Quem seria mais digno de piedade que isso para ser capaz de expressar suas fantasias de poder recalcadas, primeiro como um general de miniaturas numa mesa de areia, depois, ditando as próprias regras do jogo como um árbitro divino em seu próprio mundinho cada vez mais imaginário e reassumindo o poder de forma ainda mais autoritária como um sádico mestre de masmorra ( ͡° ͜ʖ ͡°) (Dungeon Master) planejando cada TPK (Total Party Kill, a morte de todos os personagens do grupo) com requintes de crueldade em aventuras publicadas a esmo?

Nós brasileiros talvez compreendêssemos melhor Gygax como um "bandeirante" do RPG, um pioneiro tosco, expedicionário num território desconhecido, à guisa de Borba Gato, um autêntico Borba Gygax! Daí conseguimos até ser gratos e considerá-lo heroico pela ousadia de desbravar o amplo e diversificado território editorial que temos disponível hoje em dia, ou desprezá-lo por sua prolífera tosquice levando em consideração padrões de exigência atuais inexistentes em sua época. Só não consigo concordar com suas práticas maquiavélicas patronais, muito menos exaltá-las como fazem certos indivíduos de caráter igualmente questionável, no máximo admito tais estratagemas como um mal necessário para o atual estado de coisas e como uma lição a ser aprendida para que vários erros não se repitam nem se perpetuem. Se ele tivesse um busto que fosse, erigido em espaço público, não duvido que, de repente, algum grupo progressista também aventasse a hipótese de derribá-lo por princípios éticos anacrônicos inaceitáveis.

 

Ei, Gary Gygax, tu tá correndo risco! De ter o Mod de TES4 removido de cada disco!
 

Neste Gygax Day, só desejo que nos lembremos das verdadeiras origens do RPG que realmente apreciamos jogar e que nos deixa realmente contentes ao invés de estressados, e que o RPG consiga se livrar de cada aspecto tóxico para ser mais agradável a uma multidão cada vez maior de praticantes e assim alcance a eternidade em nossa cultura! Ernest Gary Gygax morreu em março de 2008. Vida longa ao RPG!